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Bioquímica atua no desenvolvimento de soro para ser utilizado em pacientes infectados com o novo coronavírus. Foto: Reprodução |
Ana Marisa Chudzinski Tavassi, apesar de não estar diretamente envolvida nas pesquisas da vacina CoronaVac, está desenvolvendo uma série de estudos em relação a Covid-19.
A bioquímica trabalha hoje com o desenvolvimento de um soro anti-covid, para ser usado em pacientes que já apresentam a doença.
Com relação a vacina CoronaVac, diz que "o Instituto Butantan recebeu com alegria a divulgação da taxa de eficácia de 50,38%, porque finalmente ela está dentro dos parâmetros estabelecido pelos órgãos regulatórios, tanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a Anvisa".
"O que precisa agora é a população se vacinar", diz Ana Marisa. "O que nos deixa tranquilos é que essa vacina pode servir todo território nacional sem problemas. Podemos transportá-la independente de cadeias de refrigeração".A PESQUISA
"O Instituto Butantan está atuando na pandemia em diferentes frentes, não é só na vacina. Nós estamos trabalhando especificamente em uma frente, que é tradição do Butantam desde sua criação, que é a soroterapia"Ana conta que o isolamento do novo vírus (SARS-CoV-2) foi feito em um laborátorio de alta segurança na Universidade de São Paulo (USP).
Após ser enviado ao Butantan, também em laborário de segurança máxima, o vírus foi inativado, com processo diferente de radiação, em colaboração com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
O vírus foi caracterizado, analisado sua composição química, e se era capaz de produzir anticorpos em animais (roedores), para neutralizar a ação do vírus e não deixar ele proliferar.
Depois dessa fase, com ótimos resultados segundo a cientista, os pesquisadores partiram para fazer imunização dos cavalos, como é feito com qualquer soro.
"Imunizamos um grupo de cavalos e fomos acompanhando toda a produção de anticorpos e capacidade do soro ir neutralizando. Depois o sangue desse animais é coletado, através de alta tecnologia, e vem pro setor de produção do Butantan, seguindo a rota de todos os soros, com todos os preceitos de qualidade que são exigidos pelas agências regulatórias", explicou.Segundo Ana Marisa, já houve uma apresentação dos resultados à Anvisa, que pediu agora um teste chamado 'Desafio', que que significa induzir essa doença em um animal vivo, tratar com o soro e verificar se esse modifica o perfil da doença.
"Esse último teste deve acontecer até o fim de janeiro, e após apresntar resultados, a Anvisa avalia se libera o ensaio clínico, que são feitos em pessoas".DIFERENÇA DE SORO E VACINA
A pesquisadora explica que a vacina introduz o antígeno no paciente e espera que seu organismo responda quando tiver contato com a agente causador da doença.
Já a soroterapia vai ser utilizada em paciente que já está infectado. O soro é usado como remédio (não como preventivo). em quem já está com a doença.
Ana Maria finaliza dizendo que essa pandemia trouxe um grande aprendizado para os cientistas brasileiros:
"Ela nos mostrou que somos capazes de enfrentar um problema da mesma forma que qualquer lugar do mundo, de qualquer país desevolvido, e a união e troca de informações dos cientistas foi fantástica".
Ana Marisa Chudzinski Tavassi é graduada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), tem Mestrado e Doutorado em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo e Doutorado pelo Instituto Pasteur e INSERM (França).
Realizou Pós-doutorado na Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires (ANMBs), Argentina.
É pesquisadora científica do Instituto Butantan onde atua como: Diretora do Laboratório de Bioquímica e Biofísica, Vice Diretora da Diretoria da Divisão Científica, Membro do Programa de Toxinologia, Professora credenciada nos cursos de Pós-graduação: Biologia Molecular da UNIFESP, Interunidades em Biotecnologia - da USP e Toxinologia - do Instituto Butantan.
Coordenadora de projetos que visam a interação público-privada, com apoio do BNDES, FINEP, FAPESP.
Responsável pela implementação e coordenação do MBA Gestão da Inovação em Saúde, do Instituto Butantan.
Pesquisadora principal do Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares, projeto realizado em parceria entre Instituto Butantan, FAPESP e GSK para validação de alvos terapêuticos que possibilitem a criação de novos fármacos para doenças de base inflamatória.