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“Maré alta” que atingiu Santa Catarina em 2019 foi um tsunami, confirma estudo

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Aumento repentino da maré assustou banhistas na Guarda do Embaú, em outubro de 2019. Foto: Reprodução

Uma publicação na revista científica Natural Hazards confirmou que a “maré alta” que invadiu boa parte do Litoral de Santa Catarina um ano atrás, em 29 de outubro de 2019, causando alagamentos repentinos e deixando um rastro de destruição, era um tsunami. 

Veja o que diz o resumo do estudo publicado pela Natural Hazards:
\”Em 29 de outubro de 2019, uma linha de tempestade, ligada a uma tempestade atmosférica e um salto positivo na pressão atmosférica, se espalhou de sul a norte ao longo do litoral catarinense.

A perturbação atmosférica gerou, através do mecanismo de ressonância de Proudman, pelo menos duas ondas tipo tsunami com alturas superiores a 0,70 me períodos em torno de 15 min. Essas ondas foram registradas por uma rede de marégrafos, permitindo monitorar sua evolução e transformações por mais de 200 km. Embora não tenha havido fatalidades relatadas, houve perdas materiais significativas associadas a esta ocorrência.

A onda foi registrada pelas estações maregráficas da Epagri. A primeira cidade atingida foi Balneário Rincão. 

Banhistas se assustaram com o aumento repentino da maré e com a força das ondas.

Depois, a onda passou por Imbituba, Florianópolis e se dissipou próximo a Balneário Camboriú, duas horas e meia depois do primeiro registro. Barcos e carros foram carregados pela força das águas, que chamou atenção. 

O estudo detalhado sobre o fenômeno foi sugerido à Epagri/Ciram por Rogério Candella, pesquisador da Marinha do Brasil no Rio de Janeiro. 

Em parceria com o oceanógrafo Carlos Eduardo Araújo, da Epagri/Ciram, ele descreveu como a onda formada viajou a cerca de 84 quilômetros por hora, e como o conjunto estações meteorológicas e estações maregráficas instaladas ao longo da costa ajudou a confirmar a ocorrência do fenômeno. 

Araújo explicou que os meteo tsunamis ocorrem com relativa frequência. São formados pelo alinhamento de uma rápida mudança na pressão atmosférica, que cause ventos significativos, com as ondas que chegam às águas mais rasas, na costa. 

O pesquisador usou uma analogia simples para explicar a diferença entre um tsunami causado pelo movimento de placas tectônicas, e o meteo tsunami. 

No primeiro caso, o movimento vem de baixo para cima. É como bater no fundo de um pote de sorvete cheio de água, exemplifica o especialista.

No segundo caso, do meteo tsunami, o movimento vem de cima para baixo. É como soprar a água que está dentro do mesmo pote de sorvete. O impacto é menos brusco do que o das placas tectônicas, que ocasionou o tsunami que atingiu o Oceano Índico, em 2004.

Para os especialistas, a confirmação do fenômeno em Santa Catarina mostra a importância do monitoramento. Acompanhar esses movimentos ajuda a prevenir prejuízos materiais e perda de vidas.