Uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas no Brasil. Imagem ilustrativa |
Depois de sete anos de casamento e um histórico de ameaças, insultos, humilhações, chantagens, vigilância constante e surras, *Juliana decidiu fugir.
– Se você souber de alguém que é vítima de violência, isso pode ajudar.
Esse fôlder, dado por um desconhecido, foi tão importante quanto a decisão de mudar de cidade. Ao chegar em casa, o marido quis saber onde ela estava e com quem, e a agrediu fisicamente.
—Você já cozinhou caranguejo? A pessoa coloca o bicho na panela e vai esquentando aos poucos, sem pressa, até ferver, aí quando a presa percebe a gravidade, já era. Violência doméstica contra a mulher é quase a mesma coisa.
Então, um dia, uma prima de segundo grau de Juliana foi assassinada pelo companheiro. Naquele momento, ela percebeu que teria o mesmo destino e precisava se libertar e foi a agência de viagem.
Números da violência
Relatos como esse de Juliana se repetem com frequência, mas nem sempre com o mesmo final. De acordo com dados do Monitor da Violência, 95 mulheres foram vítimas de homicídios dolosos em Santa Catarina em 2018.
Quando se analisam apenas casos de feminicídio – assassinato de mulher motivado pelo gênero -, houve um aumento de 7,2% em todo o Brasil.
Ainda de acordo com dados do Monitor da Violência, uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas no Brasil.
Ao mesmo tempo que os índices de homicídios dolosos e latrocínios vêm caindo, o registro de casos de violência doméstica continua crescendo.
Um dos desafios de quem trabalha com o tema é chegar a essas mulheres d ue o pior aconteça.
*A pedido da entrevistada, o nome utilizado na matéria é fictício.